Monstros, Tentáculos e Coelho Maluco
- Alan Narcizo | O Autor
- 9 de jan.
- 3 min de leitura

Dando sequência à série sobre meu processo criativo, hoje quero apresentar minhas influências literárias a vocês. No texto anterior, explorei a influência do pintor polônes Zdzisław Beksiński sobre minha escrita. É claro que gosto de outros pintores, como Salvador Dali e Gustav Doré, mas isso fica para outro momento.
Recordo-me que, ainda criança, minhas ocupações preferidas geralmente estavam ligadas à arte: desenho, pintura, leitura, modelagem. Não preciso dizer que isso tudo era meio solitário, mas eu gostava. Hoje compreendo a tendência para conceber, fosse através dos desenhos ou das palavras, cenas e acontecimentos imaginários. Essa propensão foi marcada por fases: na infância, a literatura infantil conduzia minha imaginação; na adolescência foquei nos desenhos, nos filmes e nos jogos eletrônicos de RPG. Ainda na adolescência, descobriria dois gêneros literários marcantes: o terror e a ficção científica. Devo a essa descoberta, meu mergulho definitivo no universo literário.
Embora a escrita fosse mais esporádica na minha infância, eu me lembro de ocasiões em que acabei me destacando por um texto ou poema escritos na escola. Isso me motivou e nunca esqueci dos elogios de alguns professores. Foram importantes pra mim.
Já adulto, tive a oportunidade de escrever para um jornal católico de minha cidade. Considero um período determinante para mim como escritor, pois meus textos tornaram-se públicos. Foi uma fase de grande enfrentamento de medos e cobranças pessoais, mas também de muito aprendizado. Isso foi por volta do ano de 2011 e 2012. Foi quando começaram algumas experimentações de escrever ficção. De lá pra cá, tenho me aventurado no universo literário.
Como a escrita e a leitura são irmãs inseparáveis, descobri que gosto mesmo de ler contos, narrativas suscintas, sem muitos detalhes. Fui descobrindo autores brasileiros ligados à literatura fantástica, mas minhas grandes influências são escritores norte-americanos. Depois de falar um pouco da minha jornada (bem resumida), apresento a vocês minhas principais influências literárias:
1 - H.P Lovecraft

Lovecraft é, sem dúvida, minha maior influência literária atualmente. Eu o conheci a partir da indicação de um amigo e o primeiro conto que li foi “Dagon”. Fiquei fascinado pela atmosfera sombria e angustiante, característica do gênero explorado pelo autor: o horror cósmico. Não parei mais de ler. Embora muitos o critiquem pelo excesso de adjetivos, continuo extasiado com os cenários, os monstros tentaculares, os cultos, divindades e livros mágicos descritos pelo autor. O que mais me chamou a atenção em sua escrita, foi a atmosfera de derrota da humanidade diante de seres alienígenas antigos e poderosos. Essa mistura explosiva de horror e ficção científica me agrada bastante. Sou grande fã do autor e a maioria dos meus contos podem ser classificados como horror cósmico.
2 – Clark Ashton Smith

Amigo de Lovecraft, poeta e ficcionista, Smith se destacou inicialmente na poesia e eu adoro sua escrita poética. Não curto muito os poemas mais realistas. Sou mais interessado na sua escrita ligada ao mundo fantástico. Sua coleção de poemas épicos, exploram monstros, mundos distantes e seres antigos ou de futuros distantes. Foi a partir desse autor que, recentemente, passei a me aventurar em poemas épicos. Gosto de como ele brinca com as palavras e cria histórias através dos versos.
3 – Murilo Rubião

Brasileiro, Murilo é um dos grandes nomes do Realismo Mágico. Quem nunca leu “Teléco, o coelhinho”? Se não leu ainda, faça isso. A escrita de Rubião me apresentou o gênero conhecido como Realismo Mágico e, claro, fiquei fascinado. Nunca tinha lido algo tão louco e criativo de um escritor nacional. O gênero literário explorado por Murilo Rubião é uma forma engenhosa de abordar a condição humana misturando elementos alucinados. Meu conto “Eu, Monstro” é uma mistura de realismo mágico e inspirações originadas do filme “Colossal”.
4 - Augusto dos Anjos

Poeta brasileiro, Augusto dos Anjos é uma espécie de Lovecraft nacional. Seus poemas exploram temas como morte, putrefação, medo, angustia. É um autor que me mostrou que a poesia pode ser macabra, sombria e genial E foi a partir dele que fiz várias experimentações poéticas.
Leio outros autores, como William Hope Hodgson, Ambrose Bierce, Edgar Alan Poe, Lord Dunsany. Também gosto do trabalho de autores nacionais contemporâneos, como o Duda Falcão e a Larissa Prado.
Bem, paro por aqui porque não quero que o texto fique muito extenso. Espero que os leitores tenham gostado de conhecer um pouco da minha jornada e também que se sintam motivados a conhecer os autores e gêneros literários mencionados. Até a próxima!
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